30 de março de 2010

A Roda da Fortuna, Arcano nº 10 e o Destino


Três mulheres tecem em segredo, fiam em uma roca e se encontram numa espécie de pequena caverna.
Uma delas puxa o fio; a outra controla a saída do novelo e a terceira traz uma tesoura na mão. Na roda de fiar podemos ver quatro pessoas, bem pequenas, uma subindo, outra descendo, uma terceira parecendo suportar todo o peso da roda e uma quarta no alto, tranquilamente sentada. Lá fora é dia ainda claro e tudo parece estar razoavelmente em paz.
Esta é a imagem do Arcano nº 10, a Roda da Fortuna, no baralho do tarot mitológico e sem dúvida é uma das melhores representações deste arquétipo já feitas nos tarots até hoje.

Afinal, o que é, literalmente, que elas tramam?

Elas são as Moiras que, na mitologia, são as responsáveis por fiar o destino das pessoas, ou seja, costurar os acontecimentos, arrematar os fatos, juntar as linhas, compor bordados, separar pontos e cruzar caminhos. Representam as forças invisíveis que agem secretamente e das quais só podemos sentir o resultado, que vem na forma do inesperado, da surpresa, das mudanças ou do repentino que aparecem em nossas vidas.
Na verdade, o trabalho de tecer cada detalhe do que será o futuro tecido é feito aos poucos, em silêncio, noite e dia e devemos estar atentos aos primeiros sinais daquilo que irá nos vestir.

Sim, há sinais e participação de nosso inconsciente no destino!! Secretamente, sem nos darmos conta disso, através da nossa vontade e de nossos desejos, entregamos nas mãos das Moiras o que será o molde de toda a costura que elas irão realizar.
Jung deu a isso o nome de sincronicidade e a partir daí a questão do destino humano passou a ter outro sentido.

Todos os dias fazemos escolhas; mesmo se resolvermos ficar em casa sem fazer nada, isto já é uma escolha.
Há as pessoas que escolhemos para ser nossos amigos, mulher, namorado, marido; o nosso trabalho, o que vamos ouvir, comer, ler ou para onde iremos viajar. Há também as escolhas internas, ou seja, nossos valores, as coisas em que acreditamos, que tipo de pessoas queremos ser, quais comportamentos e traços de personalidade que admiramos, qual é nossa ética, nosso desejo, enfim, que valores moram dentro de nós.

Mas há também o problema dos conflitos: até que ponto estamos sendo verdadeiros ou falsos com o mundo e com nós mesmos, representando ser o que não somos e traindo nossa verdadeira essência.
Isso tudo é fundamental para que sincronicidades aconteçam: algumas que serão muito benéficas e felizes e que mudarão nossas vidas para melhor; outras muito dolorosas, que nos deixarão no chão, mas que se soubermos extrair delas um grande aprendizado e não mais repetirmos os erros, acabarão por ser positivas a longo prazo.

Daí a roda ter quatro pessoas em torno de seu aro.
A primeira está sentada no alto da roda, mostrando tranquilidade em sua posição supostamente privilegiada. A segunda está em posição de ascensão enquanto a terceira, calmamente, parece segurar todo o peso da roda sobre si, uma vez que se encontra na posição mais baixa do aro. A quarta está em plena queda e se observarmos bem, estas posições são transitórias, o que sugere que a roda irá girar sempre e que todos acabarão, mais cedo ou mais tarde, trocando de lugar.
Os sábios antigos já alertavam quanto a essas situações ocupadas na roda e na vida: nunca deveriam se vangloriar os que estavam no alto nem muito menos lamentar os que estavam embaixo, porque a vida mudaria tudo depois.

Só aquele que compreendesse que há um eixo, que há um centro, forte, firme, resistente, verdadeiro, inabalável, incorruptível, que faz a roda mover-se e que ele deve ser o foco, a meta a ser atingida, poderia se ver livre da sedução e das ilusões que é esse jogo da descida e da ascensão na vida.
Porque ela, a vida, é cheia de holofotes, de glórias e de aplausos e também de momentos de escuridão, de fracassos e vaias, mas são muitos os que ficam cegos pelo excesso de brilho e muitos outros os que descobrem o verdadeiro caminho depois de grandes períodos nas sombras.

É isto o que a Roda quer nos dizer: tudo o que se passa é transitório, menos seu centro.
Ele é sua força e para estar em pleno contato com ele é necessário ser você mesmo, proporcionar harmonia entre seus valores internos e o que você vive e escolhe neste mundo.
Respeitar seus momentos de altos e baixos e procurar ter a sua volta o que realmente tem sintonia com o que você tem dentro de si.
Assim, as forças ocultas poderão trabalhar por você, mas é preciso, com paciência, fazer sua parte. Ser firme como o eixo do aro e nunca se apegar aos giros da roda, para cima ou para baixo e aceitar as mudanças como lições que devem ser aprendidas.
Lembre-se que é preciso ter humildade diante daquilo que não se pode controlar e que o que está por vir, virá.
Esteja sempre atento aos sinais. A roca fia para você, incansavelmente e aprenda a dizer sim para o que realmente importa em sua vida, o que é fundamental para seu crescimento.

2 comentários:

  1. Se tudo na vida passa, talvez esse período de instabilidade que o mundo se encontra também passe. Guerras, preconceitos, impunidade outros problemas comuns ao mundo, seja um processo de evolução em que estamos passando e que acontece num curso periódico na história em todas as civilizações para o crescimento e desenvolvimento das mesmas, sendo que sempre acontecerá e não somente as nações irão evoluir mas também todos que à constituem.

    Parabéns Rita, você expõem muito bem as suas ideias.

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  2. Destino é para os fracos e tolos, Quem quer viver uma vida de vitórias não espera acontecer, mas vai a luta e conquista cada dia sua vitória.

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