28 de fevereiro de 2010

Vampiros psíquicos e espirituais




Você acredita em vampiros?
Naquele ser que suga o sangue das jovens indefesas, deitadas numa linda cama com lençóis de renda, protegidas por um pai ou marido preocupados com sua permanente fragilidade?
Ou no Morcego que vem atormentar as mocinhas anoréxicas e neuróticas?
Ou no Conde sedutor que promete ao inocente moço da cidadezinha um emprego dos deuses, para depois o escravizar e tirar sua última gota de sangue?
Ou ainda, na linda mulher que entra pela janela misteriosamente à procura do sangue, do amor e da atenção do amado?
E mais: na morta-viva humilde, cheia de problemas, indefesa, vítima de todas as desgraças, frágil, que encontra o mocinho bom para o dilacerar depois ?

Não crê??
Bobagem sua!!

Eles estão aí, na nossa cara, todos os dias!!!
Eles chegam como quem não quer nada, aproveitando-se de nossas carências, de nossa falta de autoconhecimento ou de nossa insegurança, mesmo que momentânea e chegam de dia, de tarde, de noite, sorrateiros, sempre com uma maquiavélica sedução.
Contam histórias de dor ou de grandes feitos, ou de ambas: são sempre muita coisa no que dizem. Tanto para o triunfo como para a desgraça.
São manipuladores natos e é comum que se sinta pena deles, ou admiração, ou as duas coisas juntas.
Ou então ele(ela) é tão forte, tão maravilhoso, tão sublime, tão especial, tão...tão...que você, pobre criatura, precisa urgentemente se render ao poder e aos encantos desta pessoa pra lá de especial e como sempre, cheia de enigmas.

Há dois tipos de vampiros: o vampiro dominador e o vampiro- vítima. Eles se encontram no trabalho, no meio de amigos, na família, nos relacionamentos afetivos, podendo ser um chefe, um colega de trabalho ou escola, um irmão, namorada ou esposo.

O vampiro dominador é aquele que sempre dá as cartas, quer sempre o poder, o controle da situação e não raro o dominado por ele precisa sempre satisfazer suas vontades e caprichos.
Sente-se superior, insubstituível e quando sente que sua vítima pode deixá-lo, muitas vezes a humilha, enche sua mente de falsas ideias, de ameaças ou o contrário: cobre-o de recompensas, bajulações, presentes, carinho, sexo, ou tudo isso, dependendo do relacionamento que possui com a vítima.
Isto acontece porque a pessoa que o serve incorpora psicologicamente o arquétipo do Sacrificado, sente-se como a mocinha ou o mocinho bom e que precisa de ajuda.
Então, a esperta vampira ou vampiro dominador fará o papel do Salvador, oferecendo o mundo, as respostas para tudo e assim, conquistar sua presa.

Já o vampiro-vítima coloca-se do outro lado: é aquela criatura cuja vida foi um mar de amargura e injustiça: não pôde estudar, nem viajar, nem trabalhar no que queria, a casa foi destruída, teve filhos na hora indesejada, casamentos fracassados, pais carrascos, mulheres que não o compreenderam, maridos estúpidos, dinheiro de menos, preocupação de mais e mais uma porção de mazelas que o tornaram este ser frágil, permanentemente necessitando de ajuda.
É assim que se apresentam: seus problemas são maiores que o de todo mundo e coitadinhos!!! Nada podem mudar!!

A vida destes vampiros que se fazem de vítimas é um teatro de comédia e tragédia; são sempre incapazes de resolver suas vidas.
Sempre estão em condições que dizem ser inaceitáveis, imutáveis, mas nunca, mas nunca mesmo, a vida tem outra saída, a não ser...você!!!
Aqui é ele quem precisa ser salvo e o outro, cego diante da manipulação, incorpora o papel do Salvador, do protetor e se sentirá culpado em deixar tão pobre criatura desamparada!!!

Claro que Sigmund Freud já os identificou em seus trabalhos e deu nomes específicos para cada um deles e para quem os alimenta, bem como para estes tipos de relacionamentos tão doentios.
Mas há mais que isso: a vida opera também por planos invisíveis e é comum um subjugado por vampiros ter uma série de acontecimentos, de sincronicidades que o mantém em tão nefasta situação.

Em ambos os casos, o vampiro deseja apenas uma coisa: quer seu sangue, sua vida, sua alegria, sua paz e sobretudo a sua liberdade!!!
Morre de medo que sua vítima tenha sucesso, saia de suas crises psicológicas, se cure, seja independente, descubra seus talentos, tenha autonomia e felicidade.
Porque ele, o vampiro, é incapaz de obter esses tesouros!!!
Sempre arrumou desculpas para não agir, não lutar, não transformar sua vida em algo melhor.
Ele também nunca contará a você onde estava e o que fazia da vida enquanto você lutava, passava noites em claro estudando, trabalhando, se esforçando para ter um futuro de independência e para obter as coisas que você tanto sonhava. Ah! Isto ele nunca te contará...onde ele estava e o que fazia nos dias e noites em que você ralava...

A vida destes vampiros é permeada pela preguiça, pela inveja, pela falta de estrutura mental e espiritual, pela falsa crença de que as coisas caem do céu para as pessoas...
Querem sempre vida fácil e nada melhor que encontrar um desavisado que os sirva.

Para eles, a vida é uma fatalidade e não um leque de escolhas. Sempre estão prontos para por a culpa em alguém, em Deus, no Diabo, no mundo, no Universo. Sentem-se especiais e nunca assumem responsabilidades.

E o lado de quem se subjuga a esses vampiros ou morre de peninha deles, fazendo seus caprichos e se sacrificando por eles?

São pessoas cuja auto- estima está baixa; pessoas que se sentem extremamente solitárias, cansadas, desesperançadas, inseguras, ou que se sentem culpadas por ter conquistado coisas boas para sua vida. Abrem as defesas para esses sangue-sugas espirituais, materiais e energéticos; acabam sofrendo um grande atraso na vida, sentem-se fracos, descompensados, ficam deprimidos e muitas vezes doentes, enquanto o vampiro cresce, melhora, ganha espaço, rouba a energia, a paz de seu servo, tirando-o de seu caminho, da descoberta de sua verdadeira essência.
A vítima do vampiro é alguém que, por alguma razão, não se cuidou, não se amou suficientemente, não acreditou em si e que cai nas historinhas mirabolantes destes seres abomináveis.
E há também o lado do "boa moça" ou do "bom moço" dentro do coração desavisado das vítimas desses vampiros: existe um sentimento de culpa e uma prontidão boba de sempre querer ajudar.

Desde pequenos, fomos ensinados, de maneira quase automática, a ajudar o próximo, qualquer um, e não enxergamos que nosso amor, nossa consideração e nossa atenção devem ser dadas a quem realmente merece.
O vampiro sabe disso e ele vai justamente procurar vampirizar as pessoas que possuem esse complexo de  "bom-mocismo", muito arraigado na vida de muita gente.
Mas um  dia, quando não tiver mais o sangue de suas vítimas, eles os abandonarão, famintos por energias de outros. Alguns já são tão profissionais e a neurose já está tão fomentada que necessitam de inúmeras encarnações para que possam sair desta condição de mortos-vivos, de parasitas da energia e da vitalidade de outras pessoas.

Então, como evitar cair em suas armadilhas?

Reconhecê-los, em primeiro lugar.
Amar-se, buscar-se, procurar ser o que há de melhor em si e nunca, por nada, fugir de sua essência.
Os caminhos do desenvolvimento são árduos sim; a vida tem suas dificuldades e as coisas não acontecem exatamente no tempo em que queremos ou do jeito que queremos que aconteçam.
Muitas vezes nem mesmo acontecem e é nossa obrigação, como pessoas em amplo desenvolvimento, procurar saídas, rever nossos valores, ver onde as coisas estão dando errado e se são realmente o melhor para nós.
Também somos livres e não precisamos que nos digam o que temos ou o que não temos que fazer.
A verdade interior está lá, guardada no fundo de nossa alma e precisa ser resgatada, buscada e depois de encontrada, cultivada, todos os dias.

Também temos nossos períodos de solidão e não há nada de errado ou vergonhoso nisso.
Não queira a companhia de vampiros só para se sentir útil para alguém e assim ser falsamente amado, falsamente acompanhado, falsamente admirado ou falsamente indispensável.
Isso sim é atraso em sua vida, é hipocrisia das grandes e um mar de mentiras construído à sua volta.

Repare em quem, em seus relacionamentos, te proporciona troca: um vampiro nunca te ajuda!!
Nem sequer te ouve, pois sempre ele, ou te humilha, te coloca para baixo, faz com que você sinta dependente, para assim te dominar, ou "precisa tanto de você" que os seus problemas são sempre, para ele, banais e insignificantes!!

Um amigo(a) ou companheiro(a) de verdade sempre te escuta, sempre está pronto a te ouvir, sempre soma  e o mais lindo disso, dentro de uma amizade ou companheirismo verdadeiro, é aquilo que você aprende e também ensina junto com essas pessoas, que falam com tua alma!!!
Seja assim também com eles !! Seja amigo(a), companheiro(a), nunca um parasita ou senhor de ninguém!
Isto é uma maneira baixa e covarde de não querer atravessar a difícil e mágicka estrada da auto-descoberta!!
(Insisto tanto nisso porque acredito demais que é a Chave de tudo!!).

Repare sempre nas pequenas coisas da vida, nas mais simples, porque elas tem muito que dizer.

Procure pessoas que possam compartilhar com você; aquelas que te acrescentam, que te façam bem, sem cobranças, que sejam verdadeiros amigos e companheiros.
Saia, exponha o que pensa, divida, some, multiplique.

Aprenda, ensine, ouça.
Guarde momentos também só para si, reflita, observe o mundo, as pessoas, a natureza.
Contemple de vez em quando sem julgar, apenas observe como as pessoas vivem, o que pensam, escute as histórias que elas tem para contar.
Você não precisa passar por tudo nesta vida para saber como as coisas funcionam. Tome gosto por estes simples e enriquecedores hábitos.

E, todos os dias, abra as janelas de sua alma para que por elas entrem a brisa refrescante, a luz das estrelas e preserve-se, acima de tudo!!

E seja feliz!!

25 de fevereiro de 2010

O Diabo, Arcano nº 15, Nosso Bode Expiatório





Este ser que assusta a humanidade desde que se tem conhecimento dela, já ganhou vários nomes ao longo do tempo, várias roupagens, transformando-se numa miscelânea de símbolos de várias culturas, povos e tempos distintos.

Chamado de Lúcifer, Satan, Satanás, A Besta, o Número 666, Belzebu, Baphomet, Mefistófeles e outros tantos nomes, o Diabo, embora não seja nenhum deles, é o arquétipo da Sombra, do Desconhecido, do Oculto e não é por menos que é uma das figuras mais fascinantes do panteão arquetípico.

Portando asas e uma tocha que tudo ilumina, o Diabo assume a forma de Lúcifer, o Portador da Luz, Vênus, A Estrela da Manhã, o Anjo Caído que, assim como Prometeu, foi expulso do Paraíso, por insistir em trazer o conhecimento ao homem sem a autorização de Deus.


De chifres e patas de bode, seios, asas negras, serpentes entrelaçadas, de composição hermafrodita e num gesto hermético apontando Lua Crescente e Lua Minguante, em Cima e Embaixo, mostrando o princípio fundamental do Hermetismo ele é Baphomet, eternizado por Eliphas Levi, que remete ao Baphomet dos Templários e da Maçonaria. 
Como uma Caveira, um Ser do Fogo, peludo, monstruoso, um vulto negro, um morcego faminto, um cão grotesco ou mesmo como um homem sedutor e bonito, o Diabo se apodera de outros mitos, de outras representações e delas se alimenta, troca sua aparência conforme a necessidade, a cultura e o medo coletivo que se apresentam em dado contexto de espaço e de tempo. 


Um de seus truques!! 
Porque há algo de ilusionista no Diabo: ele é uma espécie de Mago também, um pouco do Louco, do Imperador, do Enamorado indeciso, do jovem guiando sua biga, enfim, ele possui em si muito de seus antecessores no Tarot.

O Diabo, como arquétipo e como Arcano do Tarot, o nº 15, é tudo o que representa a sedução, a carne, a matéria, os desejos e as paixões, estas que abarcam os sentimentos de ódio, medo, poder, dominação, impulsos inconscientes e, acreditem, o amor!!

Sim!! O amor na sua forma Eros pertence ao Arcano 15, essa forma deliciosa que nos faz sofrer e ter êxtase; que é vida e morte, companhia e solidão e que nos faz mergulhar nas partes mais sombrias e profundas de nossa alma. Pois é justamente ele, o Diabo, quem nos tenta, nos incita à luxúria, ao prazer e a tudo que é humano, inevitavelmente humano.

Em diversos baralhos do Tarot ele é representado junto a um casal acorrentado, de estatura pequena, ambos completamente dominados e subjugados pelo Arcano. 
O casalzinho controlado pela força diabólica representa nossas fraquezas, nossa inconsciência e a escravidão voluntária que exercemos para servir a matéria, distanciando-nos assim de nosso outro lado, nossa porção espiritual e intuitiva.


Ou seja: o Diabo é a condensação de tudo o que nos domina irracionalmente e que não raro ganha autonomia, tornando-se uma força destrutiva, justamente por estar desvinculada das outras partes de nossa psique.

Mas o Diabo, como senhor do Reino das Sombras, também esconde seus segredos. Como todo Arcano, possui seu lado oposto: pode escravizar-nos em nossos vícios e paixões, mas também pode nos libertar.
Satanás, quando provoca Eva a comer a maçã proibida, incitando a desobediência, fazendo com que Adão também siga seus passos, liberta o casal para sempre da inocência, transportando-os a um estado dolorosamente humano e não mais angelical.


O Diabo, ao apontar opções, tira para sempre de nós a condição infantil, nos forçando a decidir e assim, assumir nossas vidas e a responsabilidade de nossas escolhas. 


Ele nos proporciona também o contato com a porção mais obscura de nossa alma, a parte mais desconhecida, cheia de temores, de pó, de monstros, de homicidas impunes, de velhos cadáveres insepultos, mas também repleta de potenciais adormecidos, negados até, sufocados e de riquezas e tesouros jamais explorados.

Bode expiatório da humanidade, depositário das ações incompreensíveis da mão de Deus, culpado através dos séculos pelo mal que jaz exclusivamente em nós, o Diabo pede que entremos em contato com ele, que sejamos fortes e que não o temamos.

Ele tem muito que dizer e uma de suas lições é que não podemos atingir o último Arcano, o Mundo, sem ter que passar por ele. 

Feito uma esfinge das sombras, em meio ao súlfur incômodo, mas redentor ele nos diz: “Decifra-me ou te devoro.”. 

E nos espia na noite, a espera de nossa tão adiada visita. 

24 de fevereiro de 2010

Reflexões sobre o Arcano nº 3 do Tarot e o Ano de 2010

O ano mal começou e vocês já sentem as energias que estão em circulação?
O ano de 2010, segundo os cabalistas, sofrerá influências arquetípicas do Arcano 3 do Tarot, a Imperatriz. Este arcano corresponde ao caminho entre a 2ª sephirat (Binah) e a 3ª sephirat (Chokmah) da Árvore da Vida, que diz respeito à criação, à união dos princípios masculino e feminino, à criança mágica, sendo portanto, o terceiro elemento, fruto da interação desses opostos.
A Imperatriz é associada à Vênus ou Afrodite e como não há acasos quando se trata de arquétipos, Vênus também é o planeta regente do ano na Astrologia.
Tudo o que se refere à criatividade, criação, união, arte, beleza, amor e início de projetos que estavam adormecidos, será ressaltado pelo toque encantado do cetro da Imperatriz, ela mesma símbolo da força de vontade, da realização, do sucesso, da evolução material, espiritual e da esperança. As forças da Natureza e principalmente do elemento terra também fazem parte do simbolismo deste poderoso arcano e por ele são exaltados.
Quando estes aspectos arquetípicos de nossa vida e de nossa psique são bloqueados, distorcidos ou mal empregados, encontramos pela frente seus opostos que são a estagnação, a avareza, a violência, a futilidade, a luxúria, a superficialidade, a falsidade, o comodismo e as desavenças. Mudanças não são feitas, tudo é estéril, infrutífero e somos dominados pelo medo, pelo vazio, pelo ódio e pelo fracasso.
Talvez, creio eu, para aproveitarmos todas as manifestações benéficas da Imperatriz que pairam sobre o ano de 2010, devemos pensar na imagem da própria carta: em vários baralhos clássicos e também nos modernos como os de Crowley, Waite e Wirth ela aparece segurando um cetro e trazendo um escudo, o que significa que a vontade (cetro), aliada à proteção e cautela (escudo) são a chave para vivermos os melhores aspectos deste símbolo e evitar as armadilhas que toda energia arcana possui.
Feliz Ano da Imperatriz!!!

Egrégora Espiritual - Para além do Visível




Muitas vezes nos sentimos deslocados, sozinhos, mesmo que estejamos rodeados de pessoas e mesmo que o ambiente no qual nos encontramos seja agradável. No trabalho, no meio de amigos, em família e até mesmo no lugar de que mais gostamos, este sentimento de vazio nos toma de assalto, nos assusta, nos deprime e nos sentimos incompletos, incompreendidos, solitários.
As pessoas são um complexo mundo, com gostos diferentes, modos de pensar, de agir, de ser e de sentir tão distintos que é certo dizer que cada ser humano é sim, uma estrela, como dizia Crowley.
Mas apesar da originalidade de cada um, há algo misterioso que une certas pessoas a outras e isto se dá quando uma energia espiritual complementa uma série de afinidades já existentes entre elas.
Há uma alquimia, não uma química simplesmente, porque o Oculto opera entra elas, através de sincronicidades, coincidências no tempo e espaço e essa energia especial circunda essas pessoas e quando se encontram, o sentimento de vazio e incompletude desaparece ou diminui.
“Não estou sozinho”, é o pensamento e o sentimento que nos vem à mente.
No mundo em que vivemos é muito difícil encontrar aqueles que fazem parte desta mesma Egrégora Espiritual.
Podemos, com certa facilidade, encontrar grupos onde nos encaixamos, de acordo com nossas tendências e preferências: o grupo dos esportistas, dos artistas, dos boêmios, dos naturalistas, dos amantes da culinária chinesa, das montanhas e até mesmo aqueles que seguem nossa religião e certamente nos sentiremos felizes em estar em companhia de outros que possuem gostos e modos de vida parecidos com os nossos.



Mas uma Egrégora Espiritual é mais que um grupo: ela existe além de todas as circunstâncias aparentes do mundo físico; é o sentimento de compartilhar objetivos, pensamentos, sentimentos, dores e buscas com outras pessoas que se encontram na mesma sintonia que a nossa. Ela se revela em nosso processo evolutivo, na forma de encararmos o mundo e nos valores que contruímos ao longo do tempo.
Irmãos de Egrégora Espiritual são como companheiros de jornada no deserto: cada um realiza sua própria viagem, mas temos a certeza de que não estamos mais sozinhos.


22 de fevereiro de 2010

Reflexões sobre o Arcano nº 16, A Torre




Tudo está montado, tudo é confortável: é um reino invejável!
Há príncipes e princesinhas felizes e o rei e a rainha estão orgulhosos de sua glória.
O castelo nunca esteve tão animado e a corte e os convidados dançam freneticamente ao som de músicas alegres. Há também o melhor vinho sendo servido; a mesa é farta e se vê muita gente bajuladora em volta. Nada está fora do lugar.
Pelo menos parece ser assim, vem parecendo ser assim há muito tempo, mesmo que isso não corresponda à verdade.
É um mundo de aparências, porque o reino está à beira da ruína. As estruturas são obsoletas; as leis, fracas; os soberanos distraídos e desinteressados; os vigias, desatentos; o povo, disperso. Todos sabem disto, mas fingem não saber.
É um reino de velhos hábitos, de sistemas arcaicos e imprestáveis.

Mas há algo lá fora: uma necessidade de mudança, de libertar a alma para a verdade e a construção de novos valores, de romper com as aparências e falsidades e buscar o que é realmente importante e duradouro. Essa força misteriosa mora na noite: nunca foi convidada para a festa e sempre viveu às margens das ricas fronteiras do reino.

“Bom mesmo seria se tudo ruísse, que bom seria!”, murmura o Louco que passa em frente ao castelo.

E então, num só golpe, a força do Universo, a sincronicidade, uma coincidência inexplicável, um evento incontrolável, a mão de Deus ou do Diabo, a força do Céu, do Raio ou das Estrelas (aqui depende de como o Arcano é representado nos diferentes tarots) põe a torre abaixo e a festa termina. Fim do reinado. Todos ao chão.

Não foram mil homens valentes, nem mil cavaleiros opositores, nem mil saqueadores, mas o “Acaso”, esse mistério único, o ator principal da derrocada do reino de mentiras.
A força que habitava lá fora entra no castelo, trazendo mudanças, liberdade, abrindo possibilidades, revelando o que estava oculto, trazendo mapas de terras desconhecidas, tesouros esquecidos e revelando um mundo inteiramente novo.
Um verdadeiro reino espera ser construído agora!

Por que "The Magick Fire"?




Fogo Mágicko (sim, com K!!!), não é um fogo qualquer. É um fogo transformador, que vem do espírito e para o Espírito, capaz de realizar mudanças internas e consequentemente externas na vida de quem o experimenta.
O Fogo, dos quatro elementos da Natureza, é o que representa a Intuição, a Criação, o Espírito, como o Ar é o Pensamento, a Água os Sentimentos e a Terra, a Matéria.
O fogo é o naipe de Paus no Tarot e também rege os signos de Leão, Áries e Sagitário na Astrologia.
É também Sabedoria e Luz; é a matéria das Estrelas e agente imprescindível nos processos alquímicos de transmutaçção dos elementos, ou seja, é um catalisador simbólico nos processos de alcance da nossa Essência.
Na mitologia, a ave fantástica Fênix é capaz de produzir, através do fogo que emana,  sua transformação, o renascimento eterno que destrói o antigo para dar lugar ao novo; que rompe com velhos paradigmas para construir novos valores.


A Fênix, quando sente que está próxima da morte, retira-se para a montanha e inicia o processo piróforo de auto-destruição. Consome-se em chamas.
Isso pode parecer terrível aos olhos daqueles que não compreendem o simbolismo por trás desta morte.
É que para alcançar a eternidade, justamente para escapar da morte definitiva, a fênix desintegra o eu atual, que tem que acabar, para dar lugar a um Novo Eu, realizando assim uma transmutação alquímica das cinzas do antigo em sementes do Novo.
Esta é a lição arquetípica que devemos realizar.


É o Fogo Mágicko que devemos cultivar, todos os dias.
Este é o sentido oculto dos Arcanos do Tarot: a jornada através do aprendizado, da tranformação e da transmutação do espírito bruto em pedra lapidada e pura.
A jornada da sábia ave mitológica, que compreende que para nascer de novo é preciso, antes de tudo, morrer a antiga criatura.

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