22 de dezembro de 2012

Beleza: Onde Ela Está?



De preferência, assistam ao vídeo abaixo, para depois lerem minha postagem, por razões que vocês verão depois.
É um episódio da fabulosa série The Twilight Zone, da década de 60, concebida pelo gênio Rod Serling, e que serve de reflexão sobre o tema da Beleza, entre tantas outras coisas.

O episódio chama-se ”The Eye of Beholder”. 
Série que sou incondicionalmente apaixonada, com música de Bernard Herrmann, e este é um dos meus episódios favoritos, entre outros.

Prestem atenção! É emocionante e lindo.
Para aqueles que nunca o assistiram, peço que prestem atenção aos diálogos e ao contexto da história.
E o quanto dela acontece nos dias de hoje.
É demais! Uma obra-prima.

Em inglês, legendado em português:
http://www.youtube.com/watch?v=gKmoOQnaFm0

REFLEXÕES......
O assunto ”beleza”  veio ao meu encontro, várias vezes nos últimos dias, e por causa disso senti uma enorme necessidade de  escrever sobre o que é a Beleza.
Talvez sejam sincronicidades surgindo....

A primeira dessas visitas do tema girou em torno de um grande amigo que tenho e que acho um homem muito bonito.
E eis minhas razões: ele é diferente, inteligente, crítico, um homem que vê o que ninguém percebe, é intuitivo, exótico, autêntico; os gestos e o olhar são únicos e é aquele tipo de homem tão complexo, enigmático e original que é impossível que não seja notado onde quer que ele esteja.
Enfim, ele é mágicko.
Mágicko no sentido de passar para outros suas virtudes, mas às poucas pessoas que as percebem.

A segunda vez que o tema veio foi por causa desse episódio da série “The Twilight Zone”, que revi na internet esses dias e que posto acima e abaixo para quem se interessar. 
O episódio se chama  ”The Eye of Beholder”  e  trata da beleza sob o ponto de vista de quem observa, a beleza subjetiva ou ela através de padrões estabelecidos.
É um lindo episódio e vale a pena assisti-lo.
E também fiquei sabendo de uma notícia: que um morador de rua de São Paulo, cidade onde moro, estava mobilizando e emocionando toda a cidade, para que ele saísse das ruas e encontrasse logo um lugar para morar,  atenção e preocupação jamais dispensada aos outros sem-teto e tudo isso só pelo fato de ele ser considerado pela maioria....um homem bonito, por ser jovem, loiro, de olhos azuis, com corpo escultural e traços europeus!
Enquanto isso, os sem-teto “feios”, continuarão morando nas ruas, sem que ninguém se mobilize para tentar resolver seus problemas!!
E a quarta vez que o tema  me voltou  foi  num texto de Rogério Hetmanek sobre flores e ikebana,  envolvendo o Belo, o Bem e a Verdade.
O texto dizia o seguinte: “para compreender o que é o belo é fundamental que se entenda, antes, que ele é a materialização do Bem que, por sua vez, é a manifestação da ação da Verdade.  Esta, em última análise, é o estado natural do ser na sua totalidade, considerando as suas realidades invisível, perceptível e visível, ou seja, sua missão, suas funções e sua forma, respectivamente.”
Gostei muito dessa definição.

Então, tudo parte de uma Verdade e esta  ”é o estado natural do ser em sua totalidade”.
E no dia a dia, aqui e acolá, vejo as capas de revistas, fotos em internet, pessoas circulando em todos os lugares, gentes de vitrines, atraindo os olhares, sendo alvo de comentários e sendo chamadas de belas, quase que por unanimidade e me pergunto: de onde vem tudo isso?

Quem ou o quê determina o que é belo ou o que é feio?
Como e porque esses padrões de beleza surgem?
O que faz de alguém belo? Ou feio?

Segundo a idiotice dos supostos estudos científicos, a beleza provém da harmonia dos traços e do corpo, isto é, ela é o resultado da simetria e do equilíbrio que existe entre as partes de alguém: uma espécie de combinação harmônica, uma espécie de “perfeição” do conjunto.
Claro que a tal simetria é baseada em padrões estéticos pré-estabelecidos pelo status quo.
Pensem nas madonas dos séculos passados que eram tidas como belas e que hoje são tidas como horrendas!
Pensem nos homens dos anos 50, com suas belezas hollyoodianas e que serviam de padrão  aos milhares de homens da época e que hoje não inspiram nenhum a segui-los e nem arrancam suspiros de mulher alguma!!
Pensem no século I, ou no XX, onde ser belo certamente era muito diferente do que ser belo hoje.

Então, a harmonia não está na combinação ou na suposta perfeição dos padrões estéticos impostos e que variam de acordo com o tempo.
A Beleza, essa com “B” maiúsculo,  tem que estar acima do que é transitório e passageiro.

Ou seja, a Beleza tem que ter a ver com essência e isto não morre nunca, não acaba, não muda, porque o que é Verdadeiro tem que ser permanente e eterno.
Creio nisso com toda a profundidade.
Creio nos olhos de quem olha e suas riquezas; creio no observado, com suas riquezas....
Creio que a harmonia está na relação entre todos os aspectos existentes num indivíduo, numa cidade, num objeto, numa planta, num animal ou no quer que seja.

A beleza é o resultado da interação desses aspectos, sejam eles acordes dissonantes ou consoantes da personalidade de alguém ou de algo, ou seja, sua essência manifestada.

A música dodecafônica, com suas lindas dissonâncias e consonâncias é um exemplo maravilhoso disso.
Mas.....para enxergar a verdadeira beleza que existe nas pessoas e em tudo, é preciso  ir para dentro, em tudo aquilo  que se observa e que se vive.

A Beleza, certamente, parte de dentro.
É um mergulho, antes de tudo.
Tenho uma tímida definição para a Beleza:
É algo ou alguém que nos toca, porque reverbera em nossa própria essência.
Poderá ser uma flor murcha e linda; poderá ser um gatinho idoso ao qual amamos, poderá ser um deserto aparentemente sem vida biológica, mas vivo e maravilhoso aos nossos olhos, ao nosso espírito.

(Particularmente, desde criança, sou cronicamente apaixonada por todos os desertos desse mundo e as mais belas praias deste planeta e seus mares nunca me inspiraram para coisa alguma nessa vida!)....
Ser belo....ser feio.....
Até onde a ditadura das maiorias, esse infame fenômeno, se interpõe sobre nossas visões de mundo?

Sobre nossos conceitos de beleza e feiúra?
E para quem preferiu ler esta postagem antes de ver o episódio que indiquei, vai aí novamente o link.

Não deixem de ver.
Em inglês, legendado em português:

29 de setembro de 2012

Os Rinocerontes, Massificação e o Autoconhecimento




Uma das peças de teatro que mais me impressionou na vida foi  O Rinoceronte”,  do dramaturgo romeno Eugène Ionesco, escrita em 1958.

Li esse texto quando tinha 15 anos de idade, como parte do programa de Literatura da escola onde estudei.
Chamou-me a atenção que, mesmo na culta Europa, alguém tivesse tido a coragem de escrever uma crítica tão original sobre os padrões da sociedade e os mecanismos existentes de manipulação e massificação sobre as pessoas.

É um texto atualíssimo, psicológico ; aliás, eu diria que vivemos o conteúdo dele em seu ápice, ou seja, estamos nos “anos dourados” dos rinocerontes de Ionesco.
Os diálogos são maravilhosos, fluentes e a peça ainda é capaz de chocar muita gente.

O texto narra uma situação absurda onde, numa cidade qualquer, pessoas começam a se transformar em rinocerontes.

No início, as metamorfoses causam medo e pânico na população, até que, quando muitos e muitos já viraram paquidermes, inclusive autoridades, chefes, padres, políticos, donas de casa e os famosos “homens de bem”, a transformação em um bicho selvagem e grotesco passa a ser vista como algo natural, bonito e até desejado por aqueles que ainda mantinham suas condições humanas.

Menos para um homem, o “desajustado”  Bérenger.

Ele é um sujeito que se recusa a se “acostumar” e tem tremendas  dificuldades em se tornar “um homem de bem” para os padrões vigentes,  isto é:  bebe, veste-se de modo desleixado, é crítico, solitário e é consciente que há em sua alma um enorme incômodo diante da  vida, um grande peso de existir.

Bérenger duvida. Questiona a si mesmo e ao mundo.
Não é um alienado, como os outros.

Inconformado com as coisas às quais todos se conformam, às rotinas, às burocracias, aos modos, à erudição estéril de seus colegas, ao suposto sucesso social das pessoas, Bérenger, sem ter obtido diplomas, é um filósofo natural, causando irritação em seus colegas, até mesmo em seu “declarado” melhor amigo, Jean, o protótipo do bom-moço, sabe-tudo, bem sucedido e cheio de “bons conselhos”, mas afundado em um oceano de hipocrisias.

Bérenger muito se assemelha ao poema de Fernando Pessoa, “Poema em Linha Reta”, no qual todos são vencedores em tudo, mesmo rodeados de mentiras e ele  é  “aquele que enrosca os pés publicamente nos tapetes das etiquetas e que tem sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, verificando que não tem par nisto tudo neste mundo”.

Na peça de Eugène Ionesco, os ganidos dos animais, a poeira que levantam nas ruas, a destruição  que causam à cidade, a irracionalidade, a selvageria, vão ganhando espaço, sendo vistas como algo interessante, belo e desejável, até o ponto em que Bérenger, sozinho, é o último humano que resta.

Incrível é que todos passam a querer se transformar em um deles!!
Não é algo contagioso, como levar uma mordida de um vampiro ou ser atacado por um morto-vivo, como nas histórias de zoombies.
Aqui, virar rinoceronte é algo contagiante!!
É querer estar numa condição na qual todos já estão.
É entrar na massificação.
Fazer parte da alienação.
É ajustar-se aos modismos, às convenções, aos padrões impostos, mesmo que sejam ridículos, absurdos e contrários aos seus.
É agir, viver e querer o que todo mundo faz, vive e deseja, sem questionar o porquê dessas ações, desejos e escolhas.

Bérenger, o “desajustado”,  é a resistência da condição humana  e  sendo  assim, é o único dos personagens com possibilidades reais de crescimento e de autoconhecimento.

Vivemos esses tempos.
Rinocerontes! 

São muitos e seus ganidos podem ser ouvidos nas ruas, nas igrejas, nas escolas, nas universidades, na TV, nos meios de comunicação, nos comércios, nos tribunais, nos consultórios, na política, nas empresas,  nas  instituições todas!

Cada dia rinocerontes arregimentam novos rinocerontes.
Massificados, caminham para o matadouro, hipnotizados pela  busca de valores, situações, conquistas, status e modos de vida  ditados pelos mestres-rinocerontes.
São pessoas inseguras, sugestionáveis, cujos espíritos fracos nunca estão alertas para perceberem a manipulação que sofrem.

E muitas são as armas e os meios usados nesse mecanismo de massificação e bestificação das pessoas.
Para empunhar essas armas existem as religiões, a família, clubes, escolas, meios de comunicação, política e a sociedade de um modo geral.
São as fábricas de bestas.

A primeira das armas usadas para a esperada transformação é o medo: incutem o medo da solidão, medo de ser ignorado, rejeitado, criticado, discriminado, medo de fracassar, medo de Deus, medo de perder, medo, medo, medo de ficar de fora da manada!!
 
A segunda arma é a falsa liberdade: pregam que o indivíduo tudo pode fazer, que ele "é livre", mas na verdade seus caminhos já estão traçados, caminhos de escravidão e servidão.
Cumprirá o que foi determinado para cumprir, mas sem que ele se dê conta disso.

A terceira é a falsa esperança: apontar fórmulas de sucesso e de felicidade, mentir sobre esperadas mudanças, usando pessoas-marionetes como exemplos a serem seguidos, jogando assim um véu sobre os caminhos para a Verdade Interior e para a necessária evolução espiritual de cada um.

A quarta arma é a culpa.

Num mundo cada vez mais tendencioso ao "politicamente correto", todos querem lavar suas consciências diante dos outros, diante de seu deus e de si mesmo e as instituições atuais são mestras em persuadir da culpa, em punir e também em redimir.

A  quinta é mais sutil: farão de tudo para que o indivíduo se afaste de si mesmo, do seu processo de autoconhecimento, de sua consciência e também do conteúdo de seu inconsciente e que fique longe de tudo o que possa proporcionar a ele esse autoencontro.

Pão e circo, para todos: festas, jogos, prazeres fáceis e descartáveis e qualquer coisa que possa causar euforia coletiva, alienação e distração inúteis.
Bajulação, dogmas, valores  e promessas de sucesso social e pessoal, para os mais ambiciosos!

Porque rinocerontes  precisam, o tempo todo, da aprovação e admiração de seus pares.
Regidos pelo medo e pela insegurança diante de tudo, joguetes nas mãos dos formuladores de opinião e dos falsos senhores da razão e das verdades, preferem qualquer escravidão, mesmo que mascarada de uma suposta segurança e de uma suposta liberdade, a ter que percorrer os corredores ora escuros, ora iluminados, que fazem parte das secretas passagens da própria Alma!

Fracos, não tem coragem para a aventura que é o Autoconhecimento.

Preferem os manuais ridículos de auto-ajuda, nos quais são ensinadas técnicas de auto-adestramento psicológico e social e  receitas baratas de "sucesso"!

Por outro lado, é  impossível controlar e manipular pessoas que estão se buscando.
Essas, nunca virarão rinocerontes, nunca serão escravas, nunca serão controladas.

Pagarão um preço por serem como são, por essa "rebeldia"?

Certamente, mas aí reside todo o segredo e para isso tem que haver discernimento e coragem.
Saber se o que querem, o que fazem, o que desejam, é fruto de manipulações, modismos, exigências sociais, ambições derivadas de processos massificadores ou se tudo isso partiu verdadeiramente de sua Alma, de sua essência indestrutível, daquilo que não é passageiro, e que constitui seu Espírito e seu caminho pessoal.
E ter coragem para seguir esse Caminho.

Essas pessoas são como Bérenger, resistentes, indomáveis, buscadores, questionadores: pessoas que buscam conhecer tanto suas virtudes como seus defeitos e que não se deixam impressionar com fórmulas e modelos externos, vindos de onde vier, de sucesso, felicidade e realização de vida.

São humanas, demasiadamente humanas para entrarem na manada!

10 de setembro de 2012

O Imperador, o Arquétipo do Pai




Ele está sentado em seu trono, com o cetro real na mão direita e ao seu lado tem o escudo com a figura da águia dourada, e na lâmina do Tarot de Marselha, está de perfil e suas pernas estão cruzadas, formando o número 4.

É um homem mais velho e seu semblante é calmo, porém firme.
Em alguns tarots, é visto de frente, às vezes sem o escudo, mas sempre com o cetro em mãos.
O imperador, Arcano número 4 do Tarot, é a manifestação do arquétipo da autoridade, do Pai, do dirigente, do comando, da liderança, proteção e sobretudo, da Justiça sobre os homens.

Ele é o Rei em seu verdadeiro sentido, não como os reis que existiram ao longo da História e que ainda existem, cujos poderes foram herdados de seus ancestrais e que foram mantidos através da política e dos interesses das classes dominantes.

O Imperador do Tarot, soberano, majestoso, justo, não precisa se impor.

Sua autoridade é reconhecida por seu povo, uma vez que ele o protege, orienta, inspira e guia, através de sua Justiça, Sabedoria e de todos os seus talentos elevados.

O Imperador é um líder, por causa de sua natureza magnânima, equilibrada, porque  traz disciplina onde há desordem; justiça onde há injustiça; espírito de coletividade onde há egoísmo; planejamento onde há displicência; diálogo onde há discórdia, responsabilidade onde há leviandade e proteção onde existe abandono.

Ele é a bússola, a “rosa dos ventos” de uma nação, de um povo, de uma família, de uma comunidade, que o segue e obedece, não por tirania ou força, mas por respeito e reconhecimento de sua autoridade e integridade naturais.
Ele é o Pai, o arquétipo do protetor e orientador e a ausência dessa figura na psique individual ou coletiva gera danos sociais, psicológicos e espirituais àqueles que estão em desenvolvimento, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos de um país em formação social, seres que ainda precisam de muito aprendizado para poder evoluir como pessoas ou como nação.

Quando o Imperador não está presente, tomam conta do indivíduo ou de toda uma população, ou ainda de uma família a desordem, a indisciplina, a ignorância, o “cada um por si”, o egoísmo, injustiças de todas as espécies, criminalidade, amoralidade, falta de ética, covardia, hedonismo, corrupção, falta de direção, vícios, insegurança, alienação e toda forma de desonestidade, levando as pessoas a uma forma de convívio predatório e desumano entre seus pares.

Infelizmente é o caso de um país como o Brasil, país no qual nasci, vivi e resido e que sofre com a ausência desse arquétipo fundamental, tanto no plano coletivo, como no cada vez crescente, plano individual.

Os criminosos, de todos os tipos e níveis, os corruptos, os fúteis e os amorais, há muito tempo tomaram conta da nossa sociedade, comandando, ditando valores, expondo modelos a serem seguidos, tomando lugares através da política, entrando nas casas através da mídia, principalmente da TV, com sua programação putrefata, transformando toda uma população numa massa amorfa e covarde, sem cérebro, sem crítica e sem nenhuma orientação e que sofre toda espécie de manipulação mental e todo tipo de condicionamento alienante, sem reagir, feito gado indo para o matadouro.

É uma tirania silenciosa e disfarçada.

É proposital que aqui, a Educação, a Saúde em todos as suas áreas, os meios de transporte e o lazer, principalmente aqueles do tipo que agregam as pessoas e não os do tipo que as segregam, tenham virado pó, neste país, ao longo do tempo! 

Cada dia vemos crescer neste país o número de jovens infratores, que cometem todos os tipos de crime e segundo todas as estatísiticas, esses jovens criminosos, em sua maioria, não possuem a presença do pai em suas vidas.

São crianças e jovens criados sem a figura paterna; porque, infelizmente, ao Brasil como nação e a milhões de brasileiros, de todas as classes sociais, faltam essa figura, o Pai, o Imperador.

Mas ainda há, creio eu, uma pequena porção de Pais, de orientadores, guias de sua família (o seu povo), ou guia de comunidades inteiras, que orienta, que eleva, que proporciona aos outros o crescimento, em todos os sentidos, sejam eles esses Imperadores pobres ou ricos, com algum nível de instrução ou não, e que são verdadeiros Reis, porque são a rocha firme da família ou de seu povo, sua comunidade, seu bairro, sua cidade, seu país!!!

Há Imperadores nas escolas, nos hospitais, em empresas, nas casas, nas ruas, na vida cotidiana: ser um Imperador é uma questão de caráter, não de poder ou dinheiro.

Ao contrário, parece-me que os homens que possuem status social e dinheiro se tornaram verdadeiros rinocerontes de Ionesco: abandonaram suas famílas, seus filhos, seus amigos, sua honra e dignidade em nome do dinheiro, da covardia, do engano, da adulação, do hedonismo, da luxúria e do egoísmo!

Eis o modelo hediondo que nos é apresentado!

A falta do Imperador na vida de uma pessoa ou na vida de uma nação é como um corpo sem cérebro; um barco frágil na tempestade; um carro sem freios e sem direção.

Porque, depois de passar pelos Arcanos antecedentes e em complemento à Imperatriz, o arquétipo da Mãe, da nutrição, da geração, da Criação, o Imperador, Animus Magnus, personifica no ser humano os aspectos racionais e estruturais da formação da personalidade, a base do indivíduo, preparando-o  para uma etapa posterior mais apurada, o contato com o Arcano número 5, o Hierofante, arquétipo do Espírito, do Divino no homem e de toda a esfera espiritual.

Alguns exemplos de homens que representaram bem esse arquétipo do Imperador, do Pai terreno, possuidores de justiça e sabedoria, mesmo dentro de suas imperfeições pessoais, humanas, mas que foram guias de todo um povo e que fizeram parte da história da Humanidade; reis, com coroa ou não: Moisés, Rei Salomão, Rei Arthur, Abraão, Imperador Marco Aurélio, Faraó Akhenaton (Amenófis IV), Abraham Lincoln, Martin Luther King.

Outros, que foram imperadores, reis ou líderes, através da tirania, da manipulação, da força, do medo e da injustiça: Adolf Hitler, Nero, Calígula, Napoleão Bonaparte, Rei Acabe, Herodes o Grande, Herodes Antipas.

E ainda há uma legião de ditadores, reis, imperadores, presidentes, líderes de governo e primeiros-ministros que manipularam e ainda manipulam, enganam, roubam e exploram todo um povo, exercendo poder em proveito próprio e/ou de seus comparsas e que assim destruíram e ainda destroem as nações, famílias e todo um povo os quais deveriam proteger, orientar e promover Justiça, sendo assim verdadeiros exemplos nefastos da inversão do arquétipo do Imperador.

E que o Criador, em toda sua Bondade, proteja e dê vida longa a todos os Imperadores cotidianos, que amam suas famílias, seus filhos, suas esposas, seus amigos e companheiros, seus alunos, seu povo, sua comunidade, e que por eles batalham com afinco de sol a sol, como guerreiros, independendo se estes Imperadores estão na lavoura, num terreno de obras, num leito de hospital, desempregados ou dirigindo a mais famosa empresa do mundo!

Parabéns a vocês, homens de verdade, Imperadores na Vida!!

(Para dar sequência ao assunto, meu próximo texto será sobre o Hierofante, Arcano número 5, o guia Espiritual). 

24 de agosto de 2012

Música e Tarot


Os Arcanos Maiores do Tarot : Canções

 


 A ideia não é nova : associar uma canção a um Arcano do Tarot, uma vez que os 22 Arcanos residem no nosso inconsciente coletivo e  assim inspiram pintores, escritores, poetas, músicos, artistas e compositores ao redor do mundo todo.
 As cenas da vida, com suas situações cotidianas ou universais, são os temas dos 78 arcanos do Tarot, isto é, o Tarot é a representação da jornada arquetípica de nossas vidas.

Assim, selecionei pacientemente algumas músicas,  cujas letras  tem tudo a ver com os 22 Arcanos Maiores; são canções da Música Popular Brasileira (MPB); outras do Heavy Metal,  outras do Rock Nacional e Internacional e uma do Rap /Hip-Hop brasileiro.


Fui bastante seletiva, porque escolhi músicas que realmente se relacionam com os Arcanos e também é o que gosto de ouvir, o que aprecio.

Essas músicas parecem falar sobre os aspectos principais dos Arcanos a elas correspondentes.
Algumas impressionam demais, pela semelhança das letras com o Arcano em si.; outras poéticas e sutis.

Não tenho ideia dos porquês pessoais que os autores fizeram essas canções: só sei que são lindas, inspiradoras, ricas, em letra e música,  e com certeza elas possuem algo de muito especial, porque falam da jornada de todos nós.


Daquilo que reside em nosso inconsciente e em nossas trajetórias. 


Certamente, a imaginação e sensibilidade de cada um fará com que você encontre muitas outras canções e músicas, mas eis minha seleção.

  
No site youtube tem todas elas, em diversos videos, alguns deles legendados.
Ouvi-las, e analisar suas letras, é um modo mágicko e encantador de entrar em contato com os Arcanos e senti-los na Alma. 

Então, entrem no ritmo!!

Inspirem-se!
Espero que gostem!
Vou deixar os links dos sites.
Todas estão no youtube e nos sites de letras.
É dar um copiar e colar e vocês encontram.

Links:

Letras: www.vagalume.com

            http://letras.mus.br/

Videos: www.youtube.com



O LOUCO

    All the Fools Sailled Away - Ronnie James Dio


    The Fool on the  Hill - The Beatles
 

    Balada do Louco – Os Mutantes
  O MAGO

     O Mago - Shaw (Shawlin)
  
A SACERDOTISA

  
    Mystery - Ronnie James Dio


   She's a Mystery to Me - U2






  
     
A IMPERATRIZ

  
  O Cio da Terra - Milton Nascimento


  O Espírito Secreto de uma Vida – Guilherme Arantes (versão de canção   de Stevie Wonder)



O IMPERADOR
       
      
    The Emperor - Artension


                                               
O HIEROFANTE

   
    
   Gita - Raul Seixas/Paulo Coelho



OS ENAMORADOS                                                         

     
    
    The Rain Song - Led Zeppelin






 

O CARRO
      
     
    Born to be Wild - Steppenwolf

     
                                                                 
A JUSTIÇA

   
   
   Corações Animais – Zé Ramalho


O EREMITA

 Send me an Angel – Scorpions

 Solidão – Alceu Valença





 


A RODA DA FORTUNA

                

      Changes – David Bowie 


      Roda Viva – Chico Buarque






A FORÇA

Tente Outra Vez - Raul Seixas/Paulo Coelho

We Are the Champions - Queen


O ENFORCADO

 Meu Mundo e Nada Mais – Guilherme Arantes

 Dreamin’ - Kiss


       A MORTE

    Canto para Minha Morte – Raul Seixas

    Death – Judas Priest


A TEMPERANÇA


    Harmonia – Sá e Guarabyra

    O DIABO


Sympathy for the Devil –The Rolling Stones


Rock do Diabo – Raul Seixas







   A TORRE 
 

A Queda – Lobão

Se Meu Mundo Cair – José Miguel Wisnik ( inspirada na canção original de Maysa Monjardim)







 A ESTRELA


  When You Wish Upon a Star – Leigh Harline



          A LUA



 Travessia – Milton Nascimento


  Soon - Yes


            O SOL

Here Comes the Sun –The Beatles


Força Estranha – Caetano Veloso (também tem a ver com O Eremita e com A Força)


Sol de Primavera - Flávio Venturini



O JULGAMENTO

    
   Only Human -  Uriah Heep


   Primeiros Erros – Capital Inicial (Kiko Zambianchi)
   
  
   Rebirth - Angra


  O UNIVERSO
                                                             

Across the Universe –The Beatles

2 de agosto de 2012

As Mil e Uma Noites : Um Conto sobre a Riqueza e a Pobreza





Scheherazade, a Iluminada filha do vizir que encantou o sultão com suas histórias maravilhosas, durante mil e uma noites...com o objetivo de entreter seu rei e assim salvar todas as moças do reino de serem cruelmente assassinadas.....e num sentido mais amplo, todos nós,  toda a Humanidade... 

Scheherazade, que o Ocidente, com seu materialismo, não compreendeu como deveria, o tamanho da riqueza de suas histórias e de sua própria lenda.....

...Nos deixou esse lindo conto, que reproduzo aqui, e que trata de Destino, Sincronicidade, acaso, mérito, pobreza e riqueza, materiais e espirituais, entre tantas outras coisas.

Conto-diamante da incomensurável riqueza cultural e espiritual dos povos árabes e que chegou, depois de milhares de anos, como joia indestrutível, até nós.

Era uma vez dois velhos sábios, que sempre filosofavam sobre a vida.
Estavam  os dois, certo dia, a discutir sobre as causas da pobreza : se esta era consequência do destino,  se era predestinada ou se era fruto de falta de visão e mau uso das oportunidades que a vida oferecia.
E se, caso ou outro, o indivíduo poderia reverter essa situação de ser pobre, seja por méritos adquiridos, empenhos ou por uma espécie qualquer de recompensa do Destino.

Resolveram então testar o que pensavam.

Havia no lugarejo um homem chamado Hassam, muito pobre, casado e com muitos filhos.
Resolveram os dois sábios doar-lhe uma boa quantidade de joias, para ver o que acontecia.

Hassam  então recebeu alegremente as joias  mas, com medo de ser roubado, escondeu-as em seu turbante.
Pegou no sono e eis que vem uma porção de corvos e....levam embora o turbante recheado de joias!
Hassam, desesperado, correu para contar aos sábios o azar que a ele sucedera.

Os sábios, espantados, resolveram que desta vez dariam boa quantia em moedas de ouro a Hassam.
E assim foi feito. Entregaram-lhe as moedas de ouro e Hassam as levou para casa.
Mas, com medo de ser roubado, Hassam as escondeu dentro de um pacote de farelo de ração para animais e saiu para a cidade.
Sua esposa estava em casa e, procurada por alguns viajantes que precisavam de ração para seus animais, ela, sem saber, vendeu algumas sacas de farelo a eles e entre elas, a saca com as moedas de ouro escondidas pelo marido.
Qual a surpresa para Hassam, ao chegar em casa, e saber da fatalidade!!!
Foi novamente, desesperado, reclamar aos sábios de mais uma peça que o Destino lhe pregara.

Os sábios, ainda firmes em seus propósitos, resolveram então que desta vez dariam a Hassam um simples pedaço de chumbo, mas que dentro dele estaria escondida uma raríssima e valiosa joia, sem que Hassam soubesse disso.
Hassam então pegou o pedaço de chumbo, sem saber o que havia dentro, e o levou para casa.

Estava em companhia da mulher e dos filhos quando chegou seu vizinho, um antigo pescador do lugarejo.

Este lhe disse:
 _ Hassam, ontem eu tive um dia terrível. Minha rede se rompeu e não tenho como consertá-la, o que me impedirá de pescar e levar alimento para minha família. Se eu tivesse um bocado de chumbo, poderia consertá-la.....
Prontamente, Hassam lhe ofereceu o chumbo que ganhara dos sábios, deixando o pescador na mais pura alegria, dizendo-lhe:
_ Obrigado amigo, e prometo-te que, depois de consertada minha rede e lançada ao mar, o primeiro peixe que hoje eu pescar, será teu.

E assim, o pescador usou o chumbo de Hassam no reparo da rede que, lançada ao mar, pescou muitos peixes e o primeiro deles, conforme prometido, foi entregue a Hassam como símbolo da mais pura gratidão.

Hassam recebeu alegremente o peixe e enquanto o cozinhava, percebeu um imenso brilho dentro dele.
Era um diamante enorme, jamais visto em toda a redondeza, joia que Hassam logo vendeu a um mercador estrangeiro por muito, muito dinheiro.

Com o dinheiro, Hassam comprou muitos animais e também ração para eles e eis! 
Entre tantos e tantos pacotes de farelos comprados, lá estava a saca com as moedas de ouro que havia escondido, intactas, aquela saca que sua esposa havia vendido para os viajantes.
Hassam, com as moedas de ouro recuperadas, comprou uma casinha e ao mudar-se para ela viu seu filho mais velho correndo, vindo do quintal, trazendo na mão um ninho de corvos e um....turbante.... recheado de joias......

Esse lindo e comovente conto não fala da riqueza material, porque é uma parábola sobre a riqueza espiritual, o conhecimento interior, as virtudes, os talentos que, se usados e colocados em prática, traçam o nosso destino.

Os dois sábios, no conto, podem  representar Deus, o Universo, a Vida, doando essas virtudes, esses talentos (as joias, as moedas) a alguém que não as utiliza;  ao contrário, as esconde, “com medo de ser roubado”.

O Acaso, ou o acaso que não é acaso, mas sim uma Sincronicidade, arrumou um modo para que corvos, viajantes e pescadores com rede quebrada aparecessem na vida do protagonista do conto, para retirar o que ele havia ganhado ou para devolver a ele o que havia sido perdido.
Hassam, pelo seu caráter medroso e egoísta, escondeu esses talentos simbólicos e os perdeu.
Quando recebeu a joia oculta, envolta num simples chumbo sem valor material, não temeu ser roubado e foi aí que teve a chance de modificar suas atitudes e mudar seu Destino, quando doou, de coração, o metal ao pescador.

Talvez aí resida o mistério do Destino: nós o construímos com nossas intenções: conscientes ou inconscientes, expostas ou veladas.
Esses talentos, essas virtudes, joias que nos foram dadas, não para serem escondidas, mas compartilhadas, devem ser divididas, passadas adiante: devem tocar os outros e também mudar seus destinos, como Hassam mudou o seu e o do pescador.

Seriam tesouros que escondemos,  por “medo de sermos roubados” ?

Certamente essas virtudes podem se manifestar em diversas formas, tanto em um tipo de arte, profissão, atividade ou através das habilidades que possuímos, que teimamos em desprezar,  e que muitas vezes são como o chumbo-diamante da história : acreditamos que não possuem valor algum, mas servem para um pescador que não tem como consertar sua rede e lançá-la ao mar.

Esse conto nos leva a pensar que joia oculta carregamos sob o metal pesado, sob nossos medos, julgamentos, orgulhos, vaidades, preconceitos, tanto em relação aos outros, à Vida e mais importante: sobre nós mesmos ; aquelas riquezas imensas que temos dentro de nós, envolta por padrões petrificados, assimilados,  e que, se fossem essas riquezas compartilhadas, de coração,  seriam capazes de enriquecer nossa alma, a de muitos outros e por consequência, mudar nosso Destino.

O que nos é dado, doado, lá do Alto, não só a nós pertence.

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