Todos
já ouviram a história de Branca de Neve e sua madrasta malvada que,
quando precisava descobrir uma verdade oculta, sempre consultava
um espelho mágico.
Já
viram filmes onde uma cigana trabalhava com uma bola de cristal. Também já
ouviram falar dos antigos
que conseguiam ver o futuro
através das labaredas de uma fogueira, ou mesmo da observação de cristais ou
das águas de um rio escuro. O famoso vidente francês, Michel de
Nostradamus, usou a técnica para escrever as suas famosas profecias, as Centúrias.
As
técnicas de observação acima citadas chamam-se Scrying (vidência)
e consistem no olhar contínuo para objetos ou meios
geralmente refletores de luz, translúcidos, brilhantes, tais como
pedras, cristais, espelhos, águas ou fogo, objetos esses que
seriam um veículo para a visão paranormal.
Devido à
prática dessa técnica, alguns objetos passaram a ser mais utilizados que
outros, como por exemplo, o espelho negro, do qual quero tratar aqui.
Tentando
reunir minha experiência pessoal e tudo o que recolhi em textos e artigos sobre
o assunto, esboçarei alguns aspectos da prática de observação do espelho negro
ou espelho mágico, alertando que nunca, mas nunca mesmo, deve ser
utilizada para brincadeiras ou jogos e que é preciso
pensar muito antes de fazê-la, pois você não escolherá e nem
controlará o conteúdo daquilo que vai ver.
Portanto, pense.
A Técnica
O espelho
negro, no que diz respeito à sua confecção, varia muito de natureza: pode
ser de vidro, cristal ou feito das pedras obsidiana ou ônix.
O tamanho
também é variável, mas aconselha-se a ter no mínimo o tamanho de um
porta-retrato comum, de 10x15 cm e no máximo a altura do
observador.
Sendo do tamanho de um porta-retratos, deverá estar perto dos olhos do observador e se for suficientemente grande, deverá estar encostado em uma parede e observador deverá estar sentado diante dele.
Então,
encontra-se um local calmo, escuro e silencioso e acende-se apenas uma fonte de
luz, geralmente uma vela de chama fraca, que deve ficar à direita ou à esquerda
do observador e um pouco afastada, para que a luz seja indireta e não reflita
na superfície do espelho.
O
resultado final da iluminação deve ser de tal modo que o observador não veja no
espelho nenhuma imagem do ambiente, nem mesmo a sua própria imagem.
Sentado
diante do espelho, mentalmente diz-se a intenção da consulta, ou simplesmente
dispõe-se diante dele sem perguntas, e espera-se o fenômeno começar.
A
primeira coisa que acontece é a observação de uma espécie de fumaça
branca, ou névoas, como fumaça de cigarro que sobe, em 3D: essa “fumaça” pode durar alguns segundos ou minutos.
Das
experiências que tive, se essa fumaça ou névoa permanecer por muito tempo diante dos olhos do
observador, geralmente por mais de 20 minutos ou se nem mesmo ela
surgir, deve-se abandonar a tentativa e deixar para outro dia;
insistências só gerarão cansaço e ansiedade, dois estados que devem ser sempre
evitados.
Caso
essas névoas apareçam como falei anteriormente, logo desaparecerão, deixando em seu
lugar uma espécie de vácuo escuro e profundo entre os olhos do observador e a
superfície do espelho.Como um céu nebuloso que de repente fica "limpo".
A
impressão que temos é a de que o espelho tornou-se mais profundo.
E
logo essa impressão se confirma : as imagens começam a se formar, podendo
ser estáticas, como se fossem uma fotografia, ou em movimento, com
total autonomia e sem nenhum desejo ou interferência do observador, como
se esse assistisse a um filme.
As
imagens também podem ser coloridas, branco e pretas ou monocromáticas; podem se
formar de uma só vez ou irem se formando aos poucos; podem ser
imagens de pessoas, animais, paisagens, objetos ou cenas completas,
inteirinhas, de uma nitidez e realismo espantosos.
Também
são sempre tridimensionais e se projetam entre o espelho e os olhos do
observador, sendo proporcionais ao tamanho do espelho; por isso ele não
deve ser muito pequeno nem muito grande, para não comprometer a boa visão das
imagens.
Aqui dou
um conselho: o observador não deve tentar interpretar o que está vendo no
momento da observação e nem esperar, ansioso, pelo que poderá ver; deve
apenas deixar-se levar pela experiência, como se estivesse sentado numa sala de
cinema diante da tela e não soubesse, não tivesse a menor
ideia do filme que está prestes a assistir.
Isso é
extremamente importante e aqui é necessário outro alerta: deve-se estar
preparado psicologicamente e emocionalmente para tudo o que surgir!!! Tudo
mesmo!!
Aí talvez
resida a parte mais difícil, o que me leva a crer que a observação do espelho
negro é para poucas pessoas, porque é preciso coragem e autocontrole.
É claro
que a maioria das pessoas gostaria de ver coisas lindas surgindo à sua frente;
cenas familiares, pessoas bonitas, flores ou paisagens.
O
problema é que o observador não tem controle sobre as imagens e ele poderá ver
cenas muito desagradáveis e, segundo alguns relatos, até mesmo imagens de
pessoas já falecidas.
Portanto
cuidado: pense muito, antes de se aventurar nessa jornada.
A Condição do Observador
O
observador deverá ter 2 elementos em mente:
1) Ele pode parar a observação a
qualquer momento, caso sinta-se incomodado, com medo, desconfortável ou
qualquer outra razão. Não está ali por obrigação e sim por sua completa
vontade.
2) Poderá ocorrer um transe ou uma
espécie de torpor, como também sensações térmicas ou mesmo sonoras,
durante a experiência de scrying.
Feitas
essas ressalvas, é importante relembrar que toda interpretação das imagens
deverá ser feita depois, bem como a memorização do próprio estado físico e
emocional na hora da vidência, isto é, se foram sentidos calor, frio, arrepio,
sonolência; se foram vistas outras imagens além das originadas no espelho
e todas as sensações emocionais e mentais no momento da experiência.
Por isso,
acho interessante manter um caderno e uma caneta ao lado para que, assim que a
experiência termine, seja possível anotar tudo o que puder sobre ela.
A Origem e Interpretação
das Imagens
Há várias
hipóteses para a origem e a natureza das imagens.
A
primeira prega que são imagens puramente vindas do inconsciente e que
seriam desejos reprimidos, representação de arquétipos, realização de desejos,
como nos sonhos que temos dormindo.
A segunda
diz que as imagens são frutos de contatos que mantemos com os mortos ou com os
seres astrais e o espelho é o canal desse contato.
A
terceira hipótese não nega nem a primeira nem a segunda, apenas as une, ou
seja, as imagens são vindas do nosso inconsciente projetado, inconsciente
esse que pode ler o passado, o presente e o futuro, porque é capaz de entrar em
contato com outras dimensões da existência, com pessoas e fatos distantes no
espaço e no tempo e ainda acrescenta que o espelho pode ser um canal de
comunicação até mesmo com pessoas vivas, entrando no terreno da
telepatia.
Então, a
imagens formadas pelo espelho poderiam ser fruto de percepção extra-sensorial,
ativando no indivíduo as funções denominadas psi.
As imagens seriam:
· - precognitivas ou
premonitórias (visão do futuro),
· - retrocognitivas (visão do
passado),
· - clarividência (visão do presente,
mas à distância)
· -mediunidade (contato com os
falecidos)
· - telepatia (contato com pessoas
vivas, à distância)
Mas, como
saber se estamos vendo o passado, o presente ou o futuro?
Como
saber se estamos vendo alguém vivo ou já falecido, ou mesmo alguém que ainda
iremos conhecer?
Afinal,
como interpretar as imagens?
Primeiro,
tente analisar alguns aspectos das imagens.
Imagens
muito místicas, repleta de simbolismos, geralmente são arquetípicas e devem ser
interpretadas levando em conta aquilo que são, ou seja, simbolicamente.
Imagens
de pessoas já falecidas podem ser tanto um contato real como ser um ajuste
inconsciente com aquela pessoa.
Só quem
passa pela experiência pode saber o significado disso, levando em conta o
que sentiu, o que vivenciou no momento.
Segundo:
deixo os conselhos que recebi e o que aprendi com o scrying, de que algumas
coisas só o tempo responderá; não adianta querer algumas respostas que só virão
no futuro, quando as coisas estiverem acontecendo.
Passei
muito tempo tentando entender o que vi e só depois que a hora chegou e que os
fatos deram início é que entendi todas as cenas, pessoas e lugares que
havia visto. Tive visões agradáveis, outras não. E todas se confirmaram. Tive também visões do passado de alguém, fatos que eu não tinha conhecimento, e que depois pude confirmar que realmente ocorreram.
Terceiro:
não se esqueça que a prática é um canal para o conteúdo inconsciente, seja ele
de natureza precognitiva, retrocognitiva, telepática ou outra ainda
desconhecida.
Acessar o
inconsciente, sem um preparo psíquico, pode ser extremamente perigoso, levando
a alucinações e distúrbios de natureza psicológica e emocional, sem contar com
o fato de que talvez você não tenha estrutura para lidar com o que verá ou
ainda, talvez nem mesmo consiga interpretar o que viu.
Espero,
com esse texto, ter ajudado àqueles que já passaram pela experiência de scrying
e que, como eu, ficaram meio perdidos em busca de respostas e explicações para
a aventura que é adentrar o Mundo Oculto.
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